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Consciência Alimentar e o seu Impacto na Saúde Global
02 May

Uma alimentação saudável está na base (ou deveria) de qualquer tratamento na área da saúde, quer na prevenção da doença, quer na procura do caminho para a cura. Na minha prática clínica diária, tenho sempre como um ponto de referência o levantamento dos hábitos alimentares dos meus pacientes. Sejam eles de idade pediátrica ou adultos, com doenças agudas ou crónicas, grávidas ou em projetos de conceção.  A base da construção e vitalidade dos nossos tecidos e fluidos corporais, da nossa mente e espírito, das nossas células e micro-organismos que partilham e habitam o nosso corpo, depende diretamente de alimentos saudáveis. Tal como uma casa necessita de bom material para se manter firme, proteger-nos das intempéries e ter durabilidade, o nosso corpo também o necessita.  Citando William Shakespeare “Nosso corpo é nosso jardim, nossas decisões, nossos jardineiros. “ 

Todos temos consciência de que o aparecimento das grandes superfícies alimentares alterou radicalmente os nossos hábitos. Já não se fazem compras para o dia, mas sim para a semana ou para o mês.  A compra destes alimentos “desvitalizados”, de tal forma que já não se decompõem durante meses, é uma representação da sua falta de vitalidade que foram perdendo ao longo do processo de refinamento, manipulação e industrialização. Como resposta ao consumo preferencial desses alimentos, o nosso corpo inflama de forma continua levando ao aparecimento de doenças no campo físico e mental. 

Segundo a OMS (Organização mundial de saúde) a 4 de março de 2022 - Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas – 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças. Estima que, até 2025, aproximadamente 167 milhões de pessoas – adultos e crianças – ficarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas. Segundo a mesma fonte, a obesidade afeta o coração, fígado, rins, articulações e sistema reprodutivo. Isso leva a uma série de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e doença oncológica. Pessoas com obesidade aumentam em três vezes a probabilidade de serem hospitalizadas devido à COVID-19. 

Por outro lado, morre uma pessoa por fome a cada 4 segundos (Fonte RTP Noticias / ON Gs).

Sabemos que a falta de alimento mata, mas o excesso também. 

Numa perspectiva de prevenção, a alimentação preferencialmente biológica livre de GMO (organismos geneticamente modificados), da época e respeitadora da maturação do alimento, desempenha um papel fulcral não apenas na luta contra a doença, como também no favorecimento da saúde. 

Uma escolha consciente, assertiva, cuidada, responsável, com o mínimo de desperdício possível, ajudará não apenas o nosso corpo e dos que na nossa casa nutrimos, como também poderá ser um passo, se as forças políticas assim o quiserem, para ajudar a alimentar mais pessoas, com melhor qualidade e de forma mais sustentável. 

Como escreveu o Dr Karmelo Bizkarra no seu livro “El Arte de saber Alimentarte”, professor com quem tive o privilégio de aprender e partilhar conversas durante os meus anos de estudo na Universidade de Santiago de Compostela,

“Um organismo vivo como é o planeta terra, em continuo equilíbrio em si mesma, o que desperdiçamos por um lado, provoca carências por outro. É momento de sermos conscientes de que somos inquilinos do planeta e não os seus donos. Temos de mudar de atitude, antes que seja tarde”. 

Essa é a esperança.

Pedro Fernandes, Enfermeiro, Osteopata e Naturopata